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Rocky Balboa (2006): o discurso que salvou a minha vida






Antes de qualquer coisa, a vida que foi salva no título do post não foi a minha, mas sim a do americano Evan Sanders, autor do livro de auto-ajuda The Better Man Project, publicado em 2013. Quando Rocky Balboa chegou aos cinemas em 2006, pouca gente acreditava no filme. Parecia uma oportunidade para Sylvester Stallone de fazer dinheiro com seu personagem mais célebre, e não de fazer cinema propriamente dito. Ledo engano; Rocky Balboa não só é o segundo melhor filme de toda a franquia, como é um dos melhores filmes da carreira de Stallone, que coloca seu herói enfrentando o desafio mais difícil de sua vida: A chegada da velhice.


O que ninguém, mas NINGUÉM MESMO imaginava, é que o filme trazia na manga o soco mais potente da saga do boxeador desde a clássica sequência de treinamento do filme original lançado em 1976; estou falando do discurso de Rocky para seu filho, Robert (Milo Ventimiglia, da série This is Us), no terço final da produção. Tais palavras se tornaram um verdadeiro mantra de superação e motivação, graças ao choque de realidade que provocam em quem as escuta, seja assistindo ao filme ou apenas lendo-as em alguma publicação.


Para que as palavras tenham ainda mais ressonância, irei contextualizar a cena para vocês: Trata-se de um momento do filme onde Rocky, na casa dos 60 anos de idade, finalmente aceitou o desafio de fazer mais uma volta aos ringues, para uma luta de exibição contra o atual campeão dos pesos-pesados. Seu filho, Robert, além de temer pela saúde do pai, tem ainda mais medo de que tanto seu pai quanto ele próprio se tornem motivo de chacota caso seu velho seja humilhado no ringue, algo que não é muito difícil de acontecer. A questão é que o próprio Robert não está bem. Ele sente-se infeliz e inseguro no trabalho e também na vida, e ao saber que seu pai aceitou a luta, decide ir até ele em seu restaurante numa tentativa de dissuadi-lo da ideia. A resposta de Rocky se materializa no célebre discurso, o qual reproduzo aqui traduzido livremente do inglês:


"Você não vai acreditar nisso, mas você costumava caber bem aqui. (Rocky aponta para a palma de sua própria mão). Eu o segurava bem alto e dizia para sua mãe, 'Este garoto será o melhor garoto do mundo. Este garoto um dia será alguém melhor do que qualquer pessoa que eu conheci na minha vida.' E você cresceu maravilhosamente bem. Foi ótimo te acompanhar, cada dia era um privilégio. Então chegou a hora de você crescer e se tornar o dono de seu próprio nariz, de enfrentar o mundo, e você o fez. Mas em algum momento ao longo do caminho, você mudou. Você deixou de ser você mesmo. Você deixou que as pessoas colocassem o dedo na sua cara e dissessem que você não é bom o suficiente. E quando as coisas ficaram difíceis, você começou a procurar alguma coisa para culpar, como uma grande sombra (Rocky refere-se a si mesmo).


Ele continua...


Deixe-me dizer algo para você que você já sabe: O mundo não é feito apenas de sol e arco-íris. É um lugar mau e desagradável, e não importa o quão durão você seja, ele vai te bater até que esteja de joelhos e vai te manter assim permanentemente se você permitir. Nem você, eu ou ninguém vai bater tão forte quanto a vida. Mas a questão não é o quão forte você bate, mas sim o quanto você aguenta apanhar e continuar seguindo em frente. O quanto você resiste e continua seguindo adiante. É assim que se vence uma luta!


Se você sabe o seu valor, então vá à luta e conquiste o que é seu! Mas você precisa estar disposto a receber os golpes, e não ficar apontando dedos e dizendo que não está onde quer por causa dele, ou dela, ou de qualquer pessoa! Covardes fazem isso é você não é um deles! Você é melhor do que isso!"


Rocky então conclui:


"Eu sempre o amarei, não importa o que aconteça. Você é meu filho e você é o meu sangue. Você é a melhor coisa da minha vida. Mas até que você comece a acreditar em si mesmo, você não terá uma vida."


Evan Sanders se lembra do pior momento de sua vida, quando estava de cama, doente do corpo e da mente. Ele se sentia derrotado, fracassado, e um dia, decidiu assistir à Rocky Balboa, até então o último filme da saga do boxeador interpretado por Stallone.


Ele sempre adorou os filmes do personagem, mas depois do famigerado Rocky V, ele não sabia bem o que esperar. O que Evan logo descobriu é que o filme teria um enorme impacto em sua vida, mais do que qualquer outro filme, livro ou qualquer outra mídia que ele já tinha visto. Esta matéria não é uma análise do filme, mas sim sobre uma das frases proferidas por Balboa no monólogo acima. Frase que acabou por ser a citação utilizada por Evan em sua formatura, e que mudou o curso de sua história de vida:


"A questão não é o quão forte você bate, mas sim o quanto você aguenta apanhar e continuar seguindo em frente. O quanto você resiste e continua seguindo adiante."


No discurso de Rocky para seu filho, Evan não sentiu muita identificação na conversa entre pai e filho propriamente dita. Entretanto, ele foi atingido por algo muito mais profundo: Ele viu a si mesmo, a parte mais fraca de si mesmo, aquela responsável por colocá-lo numa cama, doente e depressivo, lutando contra o seu potencial. Lutando contra o homem o qual ele poderia se tornar, aquele que colocaria o par de luvas para lutar por seus sonhos e pelo que ele acreditava. Aquelas palavras que falavam sobre culpa, vergonha e medo o haviam arrepiado até a medula. A verdade é que todos nós já passamos por algo parecido. Todos nós já estivemos cercados por nossa habilidade nata de culpar qualquer pessoa pelo que não temos e por quem nós nos tornamos. Se houvesse apenas uma característica para definir Evan em sua juventude, esta característica seria a culpa.


Assim como era difícil para Evan, também é difícil para nós admitirmos que somos de fato responsáveis por nossas escolhas, nossas ações e reações aos eventos que ocorrem em nossas vidas. Muitas vezes queremos culpar nossas famílias, amigos, o tempo, qualquer coisa que pudermos encontrar para que assim nosso ego não seja agredido por compreender que nós mesmos criamos nossos piores pesadelos. O medo nos paraliza e paraliza também nossos sonhos e nosso crescimento. O próprio Stallone tem uma história de superação envolvida em torno da produção de Rocky: Um Lutador, que eu pretendo contar em breve, e ele sabia o que ele queria se tornar e o que precisaria sacrificar para que isso acontecesse. A dura verdade, é que Evan também sabia o que queria se tornar, mas não estava disposto a fazer os sacrifícios necessários.


Seu maior medo era reviver o desespero de quando precisou abandonar seu maior sonho, o baseball, depois de descobrir problemas estruturais nas juntas de seus cotovelos. Aquele medo, o medo de estar tão perto de um sonho e em seguida assistir à este sonho ser destruído, acabaria com todas as tentativas de Evan de atingir qualquer objetivo nos anos que viriam. E pior ainda, este medo destruiu sua crença em si mesmo.


Evan aos poucos aprendeu a lidar com os golpes da vida. Ele encontrou algo dentro dele que o ajudou a processar estas coisas e então ele descobriu a escrita, o que permitiu a ele despejar tudo o que sentia no papel, e a expressar a si mesmo de maneiras que ele não imaginou que podia. Mas o que Evan ainda não conseguia fazer era sonhar, e também encontrar alguma forma de agir nestes sonhos para que os mesmos se tornassem realidade. Porém, isso não o impediu de tentar. Depois de anos e anos tentando alguma coisa, até chegar em um momento-limite em sua vida, Evan reviveu aquelas palavras de Rocky em sua cabeça, e de repente tudo se encaixou.


Quando a carga, seja ela qual for, se torna muito pesada para carregar, é preciso enfrentar mais um round e dar tudo o que tem. É preciso se levantar depois de ser nocauteado e com fé cega continuar seguindo na direção do caminho escolhido. Eu digo fé cega porque qualquer coisa menor do que isso não o ajudará a acreditar em sua visão, e impedirá que você chegue onde quer chegar. Sonhos são coisas maravilhosas, mas eles possuem um segredo sujo: O segredo é que eles irão desafiá-lo das piores e também melhores maneiras possíveis, e testá-lo para saber se você é realmente digno de alcançá-los. É assim que Evan se lembra de todos aqueles anos em que se sentia miserável. Ele não era o homem que poderia ter alcançado o sonho, mas começava a construir a si mesmo através do fracasso.


Todas as vezes em que fracassava, ele tentava novamente. Todas as vezes em que fracassava, ele procurava por respostas. Todas as vezes em que fracassava, ele encontrava novas maneiras de aprender como alcançar o que queria. Este processo foi doloroso, física e mentalmente, mas hoje, próximo da linha de chegada, ele entendeu o valor deste processo. Entretanto, há algo a que Evan realmente considera a coisa mais importante em toda sua jornada:


Hoje ele acredita em si mesmo.


Ele realmente acredita, e também sabe que em sua próxima empreitada, seja ela qual for, o reflexo de todas as suas dores e conquistas estarão nela refletidas. Sempre que ele encontrar um obstáculo, ele se lembrará das muitas vezes em que superou as barreiras que a perda de seu sonho anterior havia colocado diante dele. Há uma valorosa distinção entre as barreiras que acontecem na vida, e as barreiras que ocorrem quando se persegue um sonho.


As barreiras que ocorrem na vida cotidiana são coisas que simplesmente acontecem com você. Você se machuca, alguém o abandona, você perde seu dinheiro, coisas do tipo. Mas as barreiras que aparecem quando se está perseguindo seus sonhos são muito mais maduras, perigosas e difíceis de se superar. Elas não acontecem com você, elas acontecem PARA você. Você escolhe o caminho, você escolhe o sonho. Você tomou a decisão de mergulhar de cabeça e com esta decisão, você assinou a linha pontilhada que diz "Eu enfrentarei todos os obstáculos e desafiarei todos os medos que aparecerem diante de mim. Dê o seu melhor golpe."


Evan guardará o discurso de Rocky Balboa em sua memória para sempre. Sempre que a vida aplicar seus melhores golpes em sua direção, ele estará fortalecido e motivado para lutar mais um round.


E eu desejo isso para todos nós.


(Por: Eduardo Kacic / Fonte: Portal Administradores)


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